sábado, 1 de dezembro de 2012

Vriesea platynema var. flava





Este blogue é uma constante fonte de informações e conselhos, em permanente crescimento, com novas espécies de exóticas frequentemente introduzidas e apresentadas todos os meses. Não deixe de visitar e descobrir as novidades com regularidade!






Vriesea platynema var. flava Reitz, Anais Bot. Herb. "Barbosa Rodrigues" 4: 15 (1952).

Vriesea platynema Gaudich., Voy. Bonite, Bot. 3: t. 66 (1843).




Atenção:
por ter atingido a ocupação máxima permitida neste blog para publicação de imagens, a espécie correspondente ao mês de Dezembro de 2012 terá continuidade noutro blogue com outro endereço. Este facto condicionará a leitura de novas espécies a analisar, facto pelo qual peço desculpa.
Descubra mais em http://atlasdeexoticascultivadasemportugal.blogspot.pt/
obrigado




Quem quiser colaborar com sugestões, imagens ou informações que contribuam para o enriquecimento deste sítio, poderá enviar para exoticasemportugal@hotmail.com





 
 

 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Roteiros e visitas pela paisagem vegetal urbana e regiões metropolitanas de Lisboa. Material vegetal da Margem Sul do Tejo: da Costa de Caparica até ao Seixal.




Roteiros e visitas pela paisagem vegetal urbana e regiões metropolitanas de Lisboa

Material vegetal da Margem Sul do Tejo: da Costa de Caparica até ao Seixal.

A proposta leva-nos a atravessar o rio Tejo e a explorar uma península com muitas particularidades a nível botânico. O facto de se tratar de uma das zonas mais habitadas da região metropolitana de Lisboa torna-se especialmente interessante como referência maior no estudo da aclimatação de espécies exóticas no nosso país. Todo o material vegetal plantado e existente, é relativamente recente e permite-nos fazer uma leitura da evolução do gosto das populações sobre as plantas ornamentais.
Vamos encontrar um elevado número de habitações unifamiliares, comummente designadas por vivendas ou moradias, rodeadas por um quintal e, sobretudo, por um jardim. Verifico que as populações expressam com total liberdade os seus gostos paisagísticos e as escolhas de espécies cultivadas, assuntos que de imediato revelam muito pouco conhecimento técnico em favor de muita aventura. No ponto de vista da arquitectura paisagista dos jardins da margem sul, raros se destacam pela sua qualidade ou estética. Porém, quanto à questão do êxito na aclimatação de espécies exóticas subtropicais e tropicais, está confirmada pelos surpreendentes indivíduos que ali existem. São esses exemplares que vou estudar e dar a conhecer nesta proposta de visita à margem sul do tejo, numa extensão que parte da Costa de Caparica até ao Seixal, integrado na rubrica dos Roteiros pela Paisagem Vegetal Urbana e das Regiões Metropolitanas de Lisboa.


1. Uma visão sobre a paisagem original da margem sul do Tejo
Estas imagens de Janeiro de 2007 gravaram uma perspectiva residual daquilo que, em tempos, foi o manto vegetal da península de Setúbal. Este conjunto de Pinus pinea (Europa mediterrânica), Olea europaea (Europa meridional) e Cupressus semprevirens (Europa mediterrânica) encontram-se entre construções medíocres e desordenadas num lugar conhecido por Casas Velhas, junto ao IC 20, que liga a A2 à cidade da Costa de Caparica. Não fora a destruição da paisagem com urbanizações desregradas e de mau gosto, como o abandono das poucas casas tradicionais e rurais da zona, a região seria apreciada e elogiada pela sua vegetação imponente, de sabor profundamente mediterrânico, tal como ainda podemos contemplar numa bolsa mais ou menos resguardada e salvaguardada do avanço do desordenamento do território: o Meco, junto ao Cabo Espichel. Se tivéssemos tido noção das potencialidades das particularidades da vegetação que ali se desenvolvia, teríamos hoje, seguramente, um recanto junto a Lisboa extremamente valioso quer do ponto de vista botânico como turístico. O que pela costa italiana desde a Ligúria até Amalfi, o que por toda a região mediterrânica desde Marselha a Menton, o que na orla costeira do Adriático na Croácia, o que pela Costa Brava, em Espanha se pode actualmente admirar, remete-nos para a memória do que a margem sul do Tejo fora em tempos antes da revolução de 1974. Quase 40 anos após o início da descaracterização daquela zona tão martirizada pela anarquia urbanística, somente pequenos ângulos restam, possíveis de lembrarem como a paisagem já foi tremendamente bela. E como a destruímos irremediavelmente. O que está feito, o que está construído e o que foi apagado não tem recuperação. É impossível devolver à margem sul do Tejo, a beleza que já possuiu. Porém, no meu ponto de vista, há duas questões que devemos sublinhar para acautelar o futuro: A construção e o desenvolvimento não são incompatíveis com a paisagem nem com a natureza. As populações deveriam ter mais brio nos espaços públicos onde residem, prestar mais atenção à poluição visual e questões estéticas arquitectónicas das suas habitações, dos seus quintais, vedações, hortas, garagens, arrecadações, anexos, varandas e tudo o que é visível do exterior, pois cada um contribui para melhorar a qualidade da paisagem onde se encontra. São estas as razões que fazem das nossas cidades, lugares e paisagens modernas, locais raramente agradáveis do ponto de vista estético e, consequentemente, sem qualidade ambiental.

Vista sobre Almada registada em 2007 na estrada que une o Alto da Ponte à Quinta da Lagoa, na Rua Henrique Mota, nas fotos de cima e de baixo. As cidades recentes escondem mais facilmente a falta de planeamento e a agressão que provocaram à paisagem. Os apertados arruamentos não expõem tão abertamente como as edificações são inestéticas. Pelo contrário, nas zonas semi-urbanas, sobretudo onde encontramos loteamentos de pequenos prédios e moradias, agridem fortemente a paisagem, parecendo ilhas perdidas em aterros onde outrora existia um belíssimo manto vegetal composto sobretudo por Quercus suber ou o sobreiro (do sul de Portugal até o sudoeste de França), a Olea europaea ou oliveira e o Pinus pinea ou pinheiro manso. As matas de pinheiro manso eram extensíssimas e tinham início logo na margem sul do Tejo até às Praias do Sado, junto a Beja. Foi considerado o maior pinhal de Pinus pinea da Europa. Lentamente perdemos este património único e tão apreciado por quem nos visita, caem cada vez mais exemplares velhíssimos desta espécie que nos identifica como país. E nós, como povo, desprezamos.


A mesma perspectiva sobre a continuação do Parque da cidade de Almada, que recuperou a última mancha homogénea de Pinus pinea junto àquela cidade. A ideia é louvável e traz uma preocupação em manter uma área verde original da região.


Os Quercus suber típicos do sul do país, vêem nesta margem do Tejo, o seu limite de expansão. Na verdade, será ao longo de todo o rio até à fronteira espanhola, que se verifica a divisão de território onde esta espécie se desenvolve. São poucos e isolados os exemplares que subsistem nesta península. Quanto mais próximos de Lisboa, mais raros. Em baixo, indivíduos de grande porte que ainda sobrevivem à fúria do homem, com o Cristo-Rei e a Ponte sobre o Tejo como pano de fundo. 
Na foto em baixo de Setembro de 2012, entre Corroios e Cruz de Pau, numa zona designada por Quinta do Paço, registei estes exemplares sobreviventes à imensidão de construções desalinhadas, descaracterizadas e desordenadas que afogam árvores originais da zona. Outro detalhe que entristece neste registo é a confirmação da ausência total de civismo e respeito pela natureza; a quantidade de lixo acumulado no solo é alarmante.




Em primeira linha a cidade de Almada e por detrás, espreitando à esquerda e à direita, a cidade de Lisboa.
Como mencionado anteriormente, manchas isoladas de Pinus pinea encontram-se espalhadas ao longo dos aglomerados populacionais de toda a margem sul do Tejo. Veja-se em baixo, esta belíssima foto de Setembro de 2012, um imponente agrupamento de Pinus pinea, salvaguardados pela Câmara Municipal do Seixal. Situados na Escarpa da Mundet, (uma antiga corticeira) a área está a ser alvo de intervenção para estabilização dos terrenos e com isso proteger a natureza.
Nesta outra foto, repare como é encantadora a vista do conjunto arquitectónico cujo cenário são os velhos exemplares de pinheiro manso.
Infelizmente o pinhal foi rasgado pelas novas urbanizações, que apesar da eliminação sempre condenável de árvores tão emblemáticas como estas, a sua notável beleza enobrecem as construções.
Imagens da zona moderna do Seixal, conhecida como Quinta da Trindade.
O alinhamento dos pinheiros foi tristemente interrompido pela abertura da via.
Esta mata está no limite de arruamentos sem saída e nada prevê a sua conservação. Quanta destruição é necessária assistirmos para que a consciência pese a ponto de alertar-nos para a importância da conservação das matas existentes em espaços urbanos?
Por momentos visualizei aqui o melhor da natureza da Quinta do Lago, em Almancil, no Algarve, quando registei esta foto à saída do Seixal. Constatei como já foi espantosamente bela esta região e desperdiçaram as populações e os dirigentes locais, uma paisagem tão magnífica. Os pinheiros altaneiros que sobressaem do horizonte, lembram as lindíssimas paisagens dos arredores de Roma.
Lisboa e a região metropolitana, poderiam ter usufruído de condições únicas de desenvolvimento controlado beneficiando da paisagem mediterrânica soberba que se perdeu ao longo dos últimos 40 anos. Leva-me a confirmar que não sabemos conservar nem aproveitar o potencial paisagístico nacional como recurso económico.
Em cima e em baixo, duas perspectivas a partir dos jardins da Quinta da Fidalga, no Seixal, em que se avista a continuação do belíssimo pinhal. A paisagem que deste lugar se obtém ilustra o que poderia ter sido esta região se houvesse preocupação na conservação dos bens patrimoniais naturais e com eles desenvolver a cidade de uma forma sã e responsável. Quem conhece o litoral da Ligúria e da Campânia, em Itália, saberá comparar o que poderíamos ter tido nestes recortes à beira Tejo. As duas fotografias lembram, sem dúvida, as escarpas daquelas belíssimas províncias italianas.
A imagem não foi bem conseguida, uma vez que registei-a em andamento a partir da viatura, mas ilustra um magnífico pinhal miraculosamente mantido e perdido entre as gritantes construções da vila de Corroios.
Árvores perdidas, desprotegidas, mal-amadas e ameaçadas em Corroios.
A mata nacional do Medos, junto à Aroeira é o último reduto protegido por lei de um cenário perdido para sempre. Resta-nos acarinhar aquele pequeno pedaço de pinhal.


Uma rara imagem da Mata Nacional dos Medos, quando aquela península era quase virgem e as aglomerações habitacionais não ameaçava a natureza. António Passaporte, um fotógrafo português que se dedicou a registar Portugal na década de 40 e 50, imortalizou a beleza dos pinheiros que se encontravam tão próximo de Lisboa.
A sequência das fotos antigas, tentam desfazer a ideia pré-concebida de que num passado sobretudo anterior ao grande desenvolvimento turístico do país, como destino de visitantes nacionais como estrangeiros, e, principalmente, após a revolução de 1974, a arquitectura e o ordenamento das localidades era gracioso e ordenado. Veremos como, antes e actualmente, a Costa de Caparica, sempre foi uma região não planeada nem pensada do ponto de vista arquitectónico. Hoje em dia, o carácter mantém-se. O futuro poderá ser melhor, certamente, nem que seja pela aprendizagem dos erros do passado.
A entrada da Vila, com as arribas ao fundo. Ao vivo e a cores, o ambiente não seria tão nostálgico como aparenta nesta foto a preto e branco. Em baixo, uma imagem mais recente que a anterior. A via de acesso a Lisboa já tinha sido aberta. Todavia, a ponte ainda não tinha sido construída e a chocante vala de esgoto a céu aberto ladeada por grandes Populus nigra, mantiveram-se até às últimas décadas do século XX. Para um vila balnear como se transformou a Costa de Caparica, a escolha destas árvores lembravam mais uma paisagem do norte francês que um episódio do mediterrâneo em Portugal.
A arquitectura nunca foi a mais esmerada e o edifício que conhecemos nesta foto ainda existe no mesmo local, acrescido de mais um piso nas extremidades e as inestéticas marquises, um clássico do gosto popular português. Na época em que foi construído, já descaracterizava a frágil harmonia arquitectónica da Vila. O que hoje observamos não é mais que o resultado de estilos e linhas de arquitectura muito fracos e sem oportunidade de reconversão. O aspecto de subúrbio de uma grande cidade é evidente naquela cidade. As críticas que recaem sobre o desenvolvimento das vilas litorais do Algarve deixam de ter fundamento, quando por toda a costa ocidental portuguesa assistimos a situações idênticas. Onde está o raciocínio para apontar o dedo unicamente para o extremo sul do país? Talvez a justificação esteja no público-alvo para o qual Albufeira, Armação de Pêra ou Quarteira cresceram tanto: os turistas estrangeiros em detrimento dos nacionais. Porém, a verdade é que aquela poluição visual e destruição da alma das vilas locais, também fora menosprezada na Costa da Caparica ou na Fonte da Telha. Os seus usuários maioritários são nacionais e por essa razão abafam-se as críticas?
A falta de harmonia vem de um passado profundo.
Houve uma primeira tentativa de urbanizar a zona mais próxima à Trafaria, onde os barcos partiam até Lisboa. Ainda existe o bairro e muitas casas com jardins oferecem um ambiente agradável à zona. Hoje podemos admirar alguns exemplares de espécies exóticas botânicas de grande interesse nesses mesmos jardins.
Outro registo de conjuntos arquitectónicos mal integrados e desinteressantes. Rapidamente se tornam inestéticos e degradados.
Na rua dos pescadores, a residencial começou com um aspecto medíocre, pouco aprazível e coroado com os terríveis envidraçados mais tarde conhecidos por marquises. Desde cedo este desleixo fez parte da nossa paisagem e tem raízes muito profundas na nossa maneira de viver. A falta de brio é sublinhada pela desorganização do espaço, pela escolha dos materiais e pela ausência de verde.
Passados, talvez, 70 anos depois desta fotografia, a pensão residencial mantém-se no lugar com outra arquitectura. O espírito inestético da construção também se mantém no lugar. Na imagem seguinte, repare como a belíssima «villa» desde esta época ameaçada pela falta de cuidado e rigor arquitectónicos das construções que a circundam. Hoje, a «villa» está devoluta e entaipada. As gerações são habituadas a não prestar atenção nem a valorizar o património, com exemplos destes e desde há muito tempo que este comportamento infelizmente perdura. Por outro lado, o moderno e recém-construído simbolizava a melhoria de qualidade de vida e riqueza enquanto a reconversão ou recuperação do património edificado ou existente estava associado à pobreza. Assim desfigurámos lentamente a paisagem do nosso país.
Um bairro construído de raiz onde se nota alguma preocupação no ordenamento do território e na estética das moradias.

Em 1946, a rua principal da costa de Caparica era esta, a qual mais tarde se tornaria a Rua dos Pescadores. A graça das moradias foi substituída pela ansiosa febre de construção para responder à
cada vez mais crescente procura por turistas nacionais.
A agricultura é muito importante na região, já que a terra é profundamente fértil e produz várias colheitas por ano. Contudo, até aos dias de hoje, não nos damos conta de um plano de ordenamento do território e as explorações surgem de uma forma muito familiar e comezinha. Amontoam-se edifícios ao lado de terrenos cultivados e separados por vedações feitas a partir de entulho, lixo inorgânico e Arundo donax (Mediterrâneo) conhecido por canas. A modernização da exploração agrícola não chegou a um território a pouco mais de 10 km da capital do país.
Em 1967, as primeiras torres foram elevadas. Tal como na Costa de Caparica, em Tróia, na Póvoa do Varzim e no Algarve, uma brutal alteração da paisagem começou a ganhar forma quando
o turismo estava associado a locais turísticos que apresentassem construções modernistas e de grandes dimensões. O erro do Algarve é o mesmo erro da Costa de Caparica. O erro de Tróia é o mesmo erro da Póvoa do Varzim.
Veja a foto aérea da vila da Costa de Caparica, com o pinhal relativamente longe do aglomerado populacional e a própria vila afastada do mar. As construções foram aproximando-se da praia à medida que o turismo se ia desenvolvendo. A imagem data das primeiras décadas do século XX. Os terrenos agrícolas extremamente férteis são explorados intensamente embora sem grande ordenamento.
A mesma imagem nesta foto de 2007, fotografada pelo autor.


Esta é a imagem da vila, vista a partir da praia, datada da mesma época em que a foto aérea foi registada. Um pequeníssimo aglomerado de pescadores que coexistia com o cada vez maior aparecimento de banhistas. A foto poderá levar a recordar com nostalgia a época mas não lhe presta nenhum valor que se tenha entretanto perdido enquanto lugar. Acumulavam-se barracões ao lado uns dos outros sem qualquer brio. O espírito perdura.
Os comentários acima feitos confirmam-se com a imagem em baixo apresentada.
O aspecto de quem entrava na vila nos anos 40 do século XX, com as primeiras agressões arquitectónicas a emergir de uma malha mais ou menos harmoniosa.




No início do século XX, o Convento dos Capuchos encontrava-se em ruínas e abandonado. Neste sentido, a consciência patrimonial aumentou e estamos mais alerta para a conservação da identidade cultural do nosso país. É um avanço e um aspecto muitíssimo positivo na postura da sociedade actual. O que na época, a maior parte da população não se apercebia o que se estava a perder, nos dias de hoje, as pessoas já estão mais sensíveis e educadas para estas questões.
No início do século XXI, ainda encontramos peças arquitectónicas muito válidas que esperam de intervenção e responsabilização. Somos todos afectados com o desaparecimento de valores patrimoniais que identificam a nossa cultura. O maior perigo reside na indiferença para a salvaguarda de todo o património edificado ou natural, tangível ou não, imaterial ou não, consequência das dificuldades que o país atravessa. 
Em cima, foto de 2012 de uma casa rural que se avista desde o IP20 que liga a cidade de Almada à cidade da Costa de Caparica.




2. Material vegetal exótico encontrado na margem sul do Tejo; da Costa de Caparica até ao Seixal
Na cidade da Costa de Caparica, duas espécies se destacam de imediato, como qualquer outra cidade do sul de Portugal. Destacam-se não pela singularidade mas pela insistência em cultivar sempre as mesmas espécies moldando o horizonte com as mesmas características: As formas peculiares em espinha dos ramos da Araucaria heterophylla e as formas de plumas típicas da Phoenix canariensis, agora ameaçada com a praga do escaravelho vermelho. 
É impressionante a quantidade de exemplares de Araucaria heterophylla que se encontram plantadas, principalmente, nos centros e aglomerados urbanos. Apesar de não serem fáceis de encontrar no mercado, por todo o lado existe uma árvore plantada nos quintais mais estreitos, nas entradas das casas mais esconsas, enfim, nos lugares menos prováveis de cultivar uma árvore deste porte.

Repare no horizonte desta cidade. Repare na sua também, se morar na região sul de Portugal quer no interior ou no litoral e inicie uma contagem de número de Araucaria heterophylla que avista. É impressionante como as populações apreciam esta espécie, convencidas que se trata de um pinheiro exótico. Outras relacionam-no com os pinheiros nórdicos utilizados para as decorações natalícias. Na verdade, esta espécie provém do hemisfério sul, exclusivamente da ilha de Norfolk no Pacífico, situada entre a Austrália, a Nova Caledónia e a Nova Zelândia, e não pertence sequer à família dos pinheiros.

O desinteresse que esta cidade oferece do ponto de vista arquitectónico é equilibrado por algum divertimento que sentimos ao percorrer as ruas e ruelas da malha projectada nos anos 50 e 60 do século passado. As muitas casas que servem de segunda habitação contemplam jardins. Estes, na sua maioria, não se encontram cuidados e rapidamente percebemos que não lhes é dada prioridade nem atenção. O clima suave desta linha costeira é muito propício à horticultura e à jardinagem, pelo que lamento constatar que os seus habitantes não usufruem desta grande vantagem, a qual não contempla a maior parte do território nacional.
Contudo, há uma estreita ligação entre esta espécie de conífera com o nosso país. Pelo menos cientificamente. Foi um grande nome da ciência botânica portuguesa do século XX que reclassificou o táxone, o qual se mantém válido até aos dias de hoje. Veja a identificação completa da espécie com atenção; Araucaria heterophylla (Salisb.) Franco, Anais Inst. Super. Agron. 19: 11 (1952).
João Manuel António Paes do Amaral Franco (Lisboa, 25 de Junho de 1921 - Lisboa, 8 de Maio de 2009), mais conhecido por João do Amaral Franco, foi um botânico e sistemata, professor do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa. É autor de uma flora de Portugal. Cada árvore plantada no nosso país ergue uma homenagem àquele grande cientista português.
Este registo de 2007 mostra os belíssimos exemplares de Araucaria heterophylla, do Parque Botânico do Monteiro-Mor, ao Lumiar, em Lisboa. Foram os primeiros plantados ao ar livre na Europa em 1842. Em Inglaterra já havia uma extensa produção em viveiros, todavia sempre como planta de interior. Desde então a fácil germinação por sementes desta espécie estimulou o seu cultivo nos jardins elegantes por todo o país.
Veja este outro exemplo no Palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras, onde podemos admirar dois grandiosos exemplares centenários A foto data de 2007.
Em cima, duas imagens de 2008 do Jardim da Cascata, em Caxias, na Costa do Estoril. A construção data dos finais do século XVIII e posteriormente foram plantadas as árvores desta espécie, com toda a sua simbologia exótica e de poder social que interessava mostrar.
Na segunda metade do século XIX e por todo o XX, a árvore era vista como exótica e pelas suas enormes dimensões adquiriu uma particular nobreza de posição de destaque nos grandes e mais prestigiados jardins portugueses.
O edifício romântico data do século XIX e obrigatoriamente compreende dois exemplares, simetricamente dispostos, a ladear a fachada principal como marcos de importância, nobreza e poder do proprietário daquele património. Foto de 2008 da antiga Escola de farmácia, junto à Avenida dos Estados Unidos da América, em Lisboa, hoje abandonada.
Outro exemplar sobrevivente de uma quinta destruída pela construção desordenada que caracteriza a região de Sintra. Da antiga quinta rural, resta apenas o magnífico exemplar de Araucaria heterophylla, referência viva do passado romântico de Massamá, onde se encontra. A foto data de 2012.
Imagens de Sintra em 2008. Em cima, São Pedro de Sintra, com casas mais modestas, porém sem deixar de ostentar antigos exemplares desta espécie e em baixo, a vila de Sintra com as suas inúmeras casas apalaçadas cujo horizonte é rasgado pelos cumes das araucárias. O manto vegetal das zonas populosas densamente arborizadas é interrompido pela altura imponente de várias Araucaria heterophylla. Este cenário tornou-se característico da paisagem vegetal introduzida pelo homem, portanto, antrópica, do sul de Portugal.
A tendência alastrou-se rapidamente e no século XX, os jardins das casas mais modestas quiseram reflectir o gosto e o status que a espécie reflectia. Este comportamento social corresponde, na actualidade, às demonstrações exteriores de riqueza que uma casa pode ostentar, como as antenas parabólicas, ar condicionado ou veículos de luxo.
Uma moradia dos anos 50 cuja árvore desta espécie desafia o horizonte. Cada jardim possui o seu exemplar recortando a vista de longe com o desenho característico das suas copas. Foto de 2009, registada em Caxias. Em baixo, no mesmo local, atente à concorrência que estas árvores levantam entre as espécies vegetais com maior porte e altura. Foto de 2012.

Em cima, foto de 2007, na freguesia da Pena, em Lisboa, tirada a partir do elevador da Glória, onde se avista um belo exemplar de porte elegante. Em baixo, em São Bento, também em Lisboa, o exemplo de uma árvore plantada num local demasiado apertado para o seu correcto desenvolvimento, entre dois prédios. O desejo de possuir uma árvore com uma conotação nobre e exótica em simultâneo superou as limitações do pequeníssimo quintal onde fora plantado, habitado por uma população de classe média.
Um registo de 2007, na Ajuda em Lisboa, onde mesmo nos conjuntos edificados mais empobrecidos, a Araucaria heterophylla é a escolha prioritária para fazer sobressair alguma importância.
E de regresso à margem sul, na cidade do Seixal, o jardim público junto ao rio, o jardim da Praça dos Mártires da Liberdade onde não poderia deixar de estar representada a Araucaria heterophylla.
Sem dúvida que o jardim é agradável, porém, o elenco de espécies arbóreas escolhidas não é diferente de qualquer outro jardim público português. Monótono, com espécies plantadas de forma aleatória e sem graça, não enaltece nenhum carácter, nem se sente que estamos geograficamente no sul da península ibérica. Ao atravessarmos a fronteira com Espanha, de imediato percebemos que as ruas e os jardins são decorados com árvores frutíferas da região, luminosas e bem representativas de climas quentes. Uma boa alternativa seria a utilização de laranjeiras, oliveiras, pinheiros mansos e sobreiros. Fotos de Setembro de 2012.
Noutro espaço verde da mesma cidade, um exemplar mais antigo. Foto de Setembro de 2012.


A predilecção por esta espécie deixa-me curioso. A maior das curiosidades é o facto de, ainda hoje, ser relativamente difícil encontrar exemplares desta árvore em qualquer viveiro das redondezas e, por essa razão, surpreende-me a vasta quantidade que encontramos por toda a paisagem da margem sul e até do país. Não conheço uma região do litoral português onde esta espécie não tenha sido plantada num passado muito remoto como mais recentemente. Isto é extraordinário, tendo em conta que se trata de uma árvore com uma forma tão característica e como tal, deixa um cunho forte no horizonte de qualquer pequena localidade, cidade ou paisagem rural.
Dois exemplares de Araucaria heterophylla, embora aparentemente distintos, pertencem à mesma espécie sem se tratar de uma variedade ou sub-espécie. Na verdade, o exemplar da direita é um cultivar da espécie original, à esquerda. Tem uma forma mais compacta e os seus ramos são mais curtos. É apropriada para espaços mais reduzidos ou para quando se pretende um efeito de coluna, como acontece com o Cupressus sempervirens. Foto de 2007 na Av. Elias Garcia, Charneca da Caparica.



Em cima, mais dois exemplares de Araucaria heterophylla tão característicos dos jardins particulares das moradias portuguesas. O gosto por esta espécie prevalece desde os anos 6o do século passado. A foto foi captada na Estrada da Bela Vista, Vale Fetal, Charneca da Caparica em 2007.

Este grupo de árvores ornamenta uma rotunda de dimensões relativamente pequenas. A escolha de plantar múltiplos exemplares de A. araucana e Cupressos sempervirens num espaço tão limitado é invulgar já que tradicionalmente, em Portugal, verifica-se o hábito de plantar um indivíduo jovem e esperar que cresça até que, passados muitos anos, produza o efeito paisagístico desejado. O que mais acontece é a eliminação do exemplar plantado quando este já é adulto, vítima de alterações urbanísticas e de reformulações das vias de trânsito, acabando por jamais se conseguir o objectivo paisagístico pretendido com a plantação de árvores. Esta decisão de criar volume agrupando vários exemplares de árvores é um conceito pouco visto entre nós, apesar de vantajoso. Nos EUA todos os arranjos paisagísticos públicos são efectuados segundo este conceito. Os projectos somente utilizam exemplares adultos de modo que o efeito geral seja o final e se escuse em esperar pelo crescimento das plantas para contemplarmos a paisagem. O grupo de Araucaria heterophylla que aqui vemos pertence todas ao cultivar que produz árvores de crescimento estreito e colunar. A rotunda encontra-se na margem sul do Tejo junto a Corroios.


O indivíduo aqui fotografado não se encontra nas melhores condições sanitárias dado o abandono a que se encontra há mais de 30 anos. A sua altura é impressionante e junta-se à lista das árvores mais altas do país.
As três fotos de 2007 registadas a partir do IC 20, mostram um palacete em ruínas onde subsiste um velho exemplar de Araucaria araucana. Assim se pode confirmar como esta espécie tem tido ao longo do tempo um destaque particular sublinhado pelo seu simbolismo nobre associado ao exotismo da sua aparência.











Retomando o percurso inicial pela cidade da Costa de Caparica, percebe-se que a vegetação reage com alguma facilidade na adaptação ao clima local. As temperaturas nocturnas durante o Verão tendem a descer um pouco mais que as registadas na Costa do Estoril e na cidade de Lisboa. Se por um lado a ausência de calor nocturno é uma desvantagem para o desenvolvimento das plantas, por outro permite aumentar o teor de humidade no ar e reidratá-las. É um facto importante já que nesta zona da região metropolitana de Lisboa, os jardins não são regados com a mesma frequência. As populações com menor poder económico retraem-se nos enormes gastos que os jardins exigem e as plantas demonstram muito estresse hídrico. Os ventos carregados de humidade vindos do oceano são uma constante na linha mais próxima ao mar e servem de estabilizador contra os extremos de temperatura quer no Inverno, quer no Verão.
A falésia protege a costa das agressões pontuais do Inverno e raramente se verifica formação de geada capaz de destruir ou mesmo matar espécies exóticas. Mais para o interior, entrando na planura que se estende desde o Pragal, nos limites da cidade de Almada até ao Meco, o frio é mais intenso e destrutivo, não permitindo o cultivo no exterior da maioria das mais delicadas espécies exóticas.
Uma imagem da arriba fóssil da Costa de Caparica que com o seu desnível de 70 metros de altura, em certa medida, protege a vegetação dos ventos frios sentidos no Inverno. Em baixo uma imagem de 2010 de um jardim composto por espécies exóticas de origem subtropical e tropical. Nota-se que a sua construção é recente, pela escolha das espécies vegetais. O gosto recai em exemplares actualmente disponibilizados nos viveiros que seleccionam plantas com acento exótico. Na minha opinião, resultam em jardins muito atraentes onde o clima e aclimatação de espécies são explorados ao máximo dos seus limites. Esta moradia situa-se na Charneca de Caparica, uma zona altaneira relativamente ao mar e que sofre com alguns dias intensos de frio. Ocorre a formação de geada que provoca danos sérios nas plantas mais expostas.
Os indivíduos aqui fotografados estão entre as mais populares espécies exóticas cultivadas na península de setúbal. Washingtonia robusta (do México), Strelitzia alba (da África do Sul), Ficus benjamina (do sudeste asiático e da Austrália) e mais ao fundo Yucca gigantea (do México até à América Central). Todas toleram temperaturas baixas e suportam geadas ligeiras. Neste mesmo bairro residencial na Charneca de Caparica, encontrei um exuberante exemplar de Mangifera indica (Índia), notável pelo seu porte e número de frutos. Existem disponíveis no mercado nacional, plantas com cerca de 2 a 3 anos de idade, sobretudo importados de Espanha, os quais se adaptam muito bem ao clima costeiro do sul do nosso país. Capazes de suportar temperaturas negativas, desde que por pouco tempo, desenvolvem-se bem quando expostas em pleno sol e graciosamente regadas. O resultado é brilhante e poderá admirá-lo na fotografia em baixo.
Deleite-se com as imagens deste fabuloso exemplar de Mangifera indica, carregado de frutos que prontamente estarão amadurecidos para serem colhidos e degustados. As fotografias datam de Julho de 2011. A árvore poderá ser queimada pela geada ou por ventos frios intensos durante o Inverno mas recupera eficazmente e rapidamente logo que a temperatura começa a aumentar e se mantém estável durante o Verão. Esta é, certamente, uma das espécies exóticas mais recomendadas para cultivar no exterior nesta região metropolitana de Lisboa. Aventure-se!
Em cima, um outro exemplar cultivado na zona da Amora. Em baixo, uma outra árvore já bem estabelecida, cultivada numa casa particular na zona de Vale Flor, perto do Feijó. Fotos registadas em Fevereiro de 2007.
No mesmo ano, fotografei mais dois exemplares, desta vez na Estrada da Bela Vista, Vale Fetal, junto à Charneca de Caparica.
Por último, outro exemplo de como esta espécie é bem adaptável às condições ecológicas da península de Setúbal. Com um bom porte e desenvolvimento saudável, mostra boa capacidade para resistir a situações menos favoráveis durante o Inverno. É, no entanto, imprescindível que as árvores sejam bem regadas durante os meses com temperaturas elevadas. Fotos de Fevereiro de 2007.
Com excepção do indivíduo que apresenta frutos, todas as fotos foram registadas durante o final do mês de Janeiro e o início do mês de Fevereiro, em pleno Inverno. Comprova-se como as plantas mantêm uma apresentação fresca durante todo o ano. Uma boa sugestão para quem deseja compor o seu jardim com um ambiente tropical e com espécies de folha persistente.
Regressando à cidade da Costa de Caparica, uma excelente razão para lá nos deslocarmos;

Subitamente avistei a copa de uma extraordinária Archontophoenix cunninghamiana (Austrália), entre os telhados desalinhados de um casario velho. A sua altura imponente é, de facto, notável e não muito comum no nosso país. Somente os exemplares do Palácio de Monserrate, em Sintra, ultrapassam a altura deste.

Situada na Rua António Pinheiro, avista-se de longe. 
Imponente, bela, rara. Lastimo-me que esteja tão perdida e subvalorizada num local muito pouco estético e onde poucos saberão da sua imponência, da sua beleza e da sua raridade. É possível a relocalização de um exemplar desta dimensão, até porque esta espécie aceita este processo sem grande risco. Veja neste sítio australiano, onde a empresa se dedica ao transplante de árvores e palmeiras de grande porte. A sociedade portuguesa ainda não entendeu que o comércio de árvores cultivadas em jardins particulares pode ser uma fonte de rendimento lucrativo;
http://www.aceofspades.com.au/index.php?id=149
Aparenta boas condições ainda que cresça em regime de sequeiro, facto muitíssimo interessante e raro numa espécie que, de um modo geral, é cultivada na Europa em jardins onde recebe todos os cuidados necessários que garantem a sua sobrevivência. Aqui temos um indivíduo plenamente estabelecido e que se adaptou por completo às limitações do clima seco de Verão e frio de Inverno. Está, portanto, confirmada a rusticidade desta espécie para locais de clima idêntico ao da linha costeira da península de Setúbal, como é o caso da Costa do Estoril, região de Lisboa, Península de Tróia até Sines e litoral algarvio.

Serve ainda de bom exemplo como palmeira de alinhamento e ornamento de ruas, diversificando a insistência que as câmaras mostram ao escolher a Phoenix canariensis ou a Washingtonia robusta. Veja este exemplo de arranjo paisagístico em Carnaxide, no concelho de Oeiras, com extraordinárias Archontophoenix cunninghamiana, fotografados em 2007.


Fico muito intrigado com esta surpresa, sobretudo quando tento procurar um sentido para que esta espécie tenha sido plantada neste local. Penso que se trata de um exemplar com alguma idade guiado pela altura de cerca de 10 metros. 
Temo que este magnífico exemplar esteja em perigo, uma vez que se encontra no perímetro de construções degradadas e que colidem com o desenvolvimento das urbanizações vizinhas. Alerto para a sua defesa, podendo vir a ser incluída numa zona verde ou mesmo num exemplar de arruamento. O importante é salvaguardá-lo. Ao fazê-lo estamos a manter o nosso património e preservar a natureza.
Nesta urbanização, o construtor apresentou para venda casas geminadas com um pequeno jardim dianteiro. Curiosamente, alinhou em cada jardim um exemplar de Archontophoenix cunninghamiana e o resultado final é uma bonita perspectiva para além da originalidade na escolha desta espécie. As casas encontram-se entre a Sobreda e o Alto do Índio, próximo do Feijó. Todos os exemplares serão regados, ao contrário do solitário que podemos observar na cidade da Costa de Caparica. Este facto melhorará o desenvolvimento das plantas ainda que não seja fundamental para a sobrevivência das mesmas. Comprova-se que esta espécie, a par das mais populares espécies de palmeiras resistentes à escassez de água, responde positivamente às preocupações actuais na utilização racional dos recursos hídricos. Foto de 2007.

Em 2010 voltei a visitar os viveiros da Sobreda, onde me delicio a contemplar os exuberantes maciços com inúmeras espécies de palmeiras. As Archontophoenix cunninghamiana estão plantadas directamente no solo e conseguem mostrar todo o seu esplendor. Em conversa com um dos seus responsáveis, foi-me dito que sofrem com as severas geadas que se formam nos vales mas rapidamente recuperam. A composição que as duas imagens ilustram é, certamente, das mais bem conseguidas que conheço.
A recente construção da nova A23, veio pôr a descoberto uma curiosa paisagem. O que me parece um viveiro desactivado com algumas plantas envasadas, acaba por estarem bem integradas, pelo menos desde a perspectiva da via, com o restante arvoredo original. A mata de pinheiros mansos, Pinus pinea (Europa meridional) é pontuada com 7 exemplares de Archontophoenix cunninghamiana envasadas, criando um cenário muito interessante, ainda que ocasional. É uma proposta para quem quiser quebrar a monotonia de uma paisagem apenas de uma espécie de árvore, como o Pinus pinea, o Pinus pinaster, o pinheiro bravo (Europa meridional) ou a Olea europaea, a oliveira (Europa meridional), as 3 espécies mais frequentes na paisagem original desta península. As plameiras apesar de sobreviverem por vários anos dentro de recipientes prontas para serem comercializadas, estão sob muito estresse e têm muita dificuldade em manter mais do que 3 folhas durante o Verão, como comprova a foto em baixo de Agosto de 2010.

Durante o Inverno, as plantas ressentem-se e reagem com bastante sensibilidade ao frio. As folhas poderão inclusivamente secar por completo e os horticultores optam por cortá-las. Resta o estipe ou caule, desnudo, situação que se altera quando as temperaturas voltam a subir. Na foto em baixo, de Maio de 2009, já se notam as primeiras folhas a nascerem. Se pretender plantar Archontophoenix cunnunghamiana no seu jardim, não se preocupe com a apresentação das plantas nos viveiros, pois uma vez transplantada em solo definitivo, terão um desenvolvimento rápido e seguro. Não pode deixar de adubar convenientemente nem de regar com abundância para que o exemplar se estabeleça o melhor possível. Com a passagem dos anos e o seu crescimento até à fase adulta, tornar-se-á um indivíduo totalmente autónomo e viverá em regime de sequeiro.

De volta aos viveiros da Sobreda, repare com atenção na diferença entre as duas Archontophoenix cunninghamiana, já definitivamente no solo e os exemplares de outras espécies ainda envasadas. A robustez das primeiras é notável e vivem sem necessitar de regas como as demais plantas envasadas.
As duas espécies do género Archontophoenix não desenvolvem raízes susceptíveis de danificar as fundações das habitações. Não receie ver a sua palmeira crescer perto da sua casa, uma vez que as raízes contornam os obstáculos que encontram. O desenvolvimento da planta dá-se em altura e não em envergadura, como sucede com a Phoenix canariensis, sendo uma vantagem para quem dispõe de pouco espaço para cultivar.

Em baixo, uma sugestão para quem possui grandes espaços onde cenários como este possam ser recreados. Nos viveiros da Sobreda vagueamos por belíssimas criações com exemplares de grandes dimensões e sabiamente conjugados com a vegetação natural existente nas suas instalações.
A composição que a imagem ilustra é muitíssimo interessante e reproduz um ambiente verdadeiramente tropical com exemplares diversificados e todos tolerantes às baixas temperaturas ocasionais. A Arcontophoenix cunninghamiana destaca-se entre maciços de Phoenix reclinata (do Senegal até à África do Sul, Ilhas Comores, Madagáscar e sudoeste da península arábica) pela delicadeza das suas folhas que lembram a vegetação das regiões tropicais do planeta. 
De volta ao centro da cidade da Costa de Caparica, para comentar um menos comum mas muito conhecido Phoenix dactylifera (Península arábica até ao sul do Paquistão). Esta espécie não é popular entre os portugueses e poucos sabem que é desta palmeira que as tâmaras comestíveis são colhidas. É provável que este indivíduo tenha nascido de semente plantada no local onde ainda se encontra há já alguns anos. Estas palmeiras não são fáceis de encontrar em viveiros senão no Algarve e naquela época ainda mais problemático seria de conseguir um exemplar comprado.

Ao contrário de Espanha, onde esta espécie é tão comum que praticamente está considerada como autóctone nas paisagens da Andaluzia. É curioso como tão-somente a 250 km de distância para leste, a partir de Badajoz, esta palmeira é utilizada como planta de alinhamento de ruas, ornamental em jardins públicos e privados e como planta produtora de frutos, enquanto em todo o nosso país rareia e é vista com surpresa e interesse.
Este exemplar é um dos pouco numerosos adultos plantados em jardins portugueses.
Na rua direita do Dafundo, a Algés, encontramos um outro notável exemplar. Foto de 2012. Em baixo, os majestosos exemplares do Instituto de Medicina Tropical na Junqueira, em Lisboa. Foto de 2007.
Bem junto à doca de Pedrouços, no início do passeio marítimo de Algés, podemos contemplar um alinhamento de Phoenix dactylifera, plantado há poucos anos e que lembra o estilo espanhol de ajardinamento de espaços públicos. É dos poucos locais com recurso a esta espécie como planta ornamental.

Foto de 2012 em cima
Foto de 2008 do Real Jardim da Cascata de Caxias, com os dois Phoenix dactylifera.

Chegado ao Seixal, senti um pequeno alívio ao percorrer a marginal e as ruas da cidade velha. Uma malha muito portuguesa, a lembrar as ruelas dos bairros ribeirinhos lisboetas, muito graciosas e relativamente bem conservadas. Um alento depois de tanto assistir a cidades transfiguradas e descaracterizadas pelo mau gosto e desordenamento.
Entre as populares ruas de casas de pescadores, no jardim da Praça Luís de Camões, encontra-se este extraordinário exemplar de Ficus microcarpa (do Sri-Lanka, Índia, Malásia, Ilhas Ryu Kyu no Japão até à Austrália e Nova Caledónia) como não existe nos jardins públicos de Lisboa.
Porte imponente, bem estruturado e podado, bonita copa e ramos frondosos. Esta espécie de Ficus é muito indicada como árvore de jardim, pelo seu rápido crescimento, volumetria e boa aceitação de poda. Nunca entendi por que razão a CML não utiliza esta espécie como árvore de alinhamento ou mesmo como árvore de jardim.
Fora da região algarvia, este é possivelmente um dos melhores especímenes de Ficus microcarpa, em locais públicos existentes em Portugal.
Muito propensos a doenças, esta árvore encontra-se, no entanto, em excelentes condições fitossanitárias. Fotos de Setembro de 2012.
Em baixo, um bom exemplo de como a participação da população pode ser importante na composição e enriquecimento da arborização pública. Este Ficus elastica, (Assam na Índia até à Malásia e Indonésia) foi plantado pelos proprietários da modesta casa próxima. Trata-se de uma planta muito habitual entre as camadas populacionais mais desfavorecidas que trocavam entre si pequenas mudas desta espécie. Encarada como uma planta exótica desvalorizada, é das raras espécies exóticas em que as pessoas não se preocupavam de cultivar fora segurança do perímetro de um jardim ou quintal. De facto, esperava-se que não fosse alvo de furto, por ser demasiado vulgar como planta ornamental e por essa razão ultrapassou o gradeamento dos jardins particulares passando a ser cultivada em locais públicos. Isso permitiu que os exemplares envasados, quando atingiam dimensões demasiado grandes, fossem transplantados para locais públicos definitivos e começassem a surgir belas árvores de Ficus elastica por todo o país. Este é o exemplo do Seixal.
Este é o exemplo de um indivíduo que se encontra no centro da cidade de Amora, perto do Seixal.
A relativa facilidade com que as estacas de Ficus elastica enraízam permitiu o cultivo de uma espécie exótica entre os populares sem recorrer à sua aquisição. Essa foi a razão pela qual se tornou tão frequente encontrarmo-la como planta exótica decorativa de entradas de prédios de habitação e alguns escritórios. Numa altura em que o país ainda não conhecia a variedade de viveiros e centros de jardinagem como actualmente se assiste, as pessoas conseguiam plantas ornamentais através da troca directa. Teve o seu auge nas décadas de 60 a 80 do século XX.
Proponho uma curta viagem por situações semelhantes noutros locais do nosso país e estrangeiro, onde se confirmam os comentários anteriormente feitos sobre a Ficus elastica.
Foto de 2011 registada em Benfica, Lisboa. A plantação de um exemplar que já estava demasiado grande para se encontrar envasado e foi colocado num espaço verde público.
Contudo, no jardim da Praça dos Mártires da Liberdade, na cidade do Seixal, encontramos uma Ficus elastica, de dimensão notável já inserida na colecção do jardim. Muito provavelmente, não teve origem nos viveiros da própria câmara mas trazido por um funcionário de sua casa ou cultivado por si. Foto de 2011.
Hoje em dia, o uso que foi atribuído à Ficus elastica foi substituído pela Ficus benjamina,(Ásia e Austrália) planta muito fácil de manter, com uma enorme capacidade em se estabelecer sob qualquer tipo de clima, muito resistente ao stress hídrico e economicamente muito acessível. A facilidade que reúne esta espécie, tornou-a desinteressante para ser alvo de furto e lentamente começamos a vê-la plantada por populares em locais públicos, tal como sucedera com a Ficus elastica anos atrás. O exemplo de um indivíduo plantado no redondel de uma árvore de alinhamento, provavelmente desaparecida, e que foi, no seu lugar, substituída por um exemplar de Ficus benajmina. Seixal, Setembro de 2012.
A árvore rapidamente irá desenvolver-se e atingir dimensões que dificilmente as outras espécies usadas como árvores de alinhamento irão conseguir. A falta de uso por parte das câmaras para ornamentar as ruas do nosso país com a espécie não é compreensível, já que provou ter inúmeras vantagens sobre outras variedades menos favoráveis. Quer as dimensões, quer o seu sistema radicular não são condicionantes válidos para argumento por parte dos projectistas camarários, uma vez que no estado da Flórida e por todo o Brasil, existem milhares de exemplos de árvores desta espécie utilizada como árvore de alinhamento ou isoladamente, plantadas junto a construções. Talvez o preconceito impeça a sua utilização. Veja as imagens de Ficus elastica em baixo, exemplos colhidos noutros países.
Em cima, exemplar cultivado relativamente perto dos edifícios numa rua da cidade de Palma de Maiorca, Ilhas Baleares, Espanha. Foto de Agosto de 2011. Em baixo, um outro exemplo de plantação por um popular numa rua de Roma, colado à parede do edifício. Em Itália e França é muito frequente as pessoas acarinharem árvores sem temerem danos no seu património. Parece que somente os portugueses fundamentam o receio das árvores destruidoras de construções ou talvez, apenas em Portugal, cresçam árvores com essas características...Foto de 2006.
A enorme Ficus elastica que fotografei numa rua da cidade do Rio de Janeiro, prova como esta árvore convive com os transeuntes. Naquela cidade é muito apreciada e, contrariamente ao que sucede em Portugal, não é encarada como uma ameaça. A exuberância dos seus longos e poderosos ramos descrevem um ambiente tropical e exótico. No nosso país poderíamos repetir esta atmosfera nas nossas cidades e parques, conferindo-lhes um cunho distinto das outras cidades europeias.
As raízes aéreas foram esculpidas pelos limites do canteiro onde se encontra.
Parecem longas barbas penteadas ao sabor de uma vassoura.
Outro exemplo de uma árvore plantada junto à vedação do recinto do Jockey Clube do Rio. As raízes aéreas literalmente fizeram desaparecer parte do gradeamento, dando a sensação que escorreram sobre este.
O respeito pela árvore é notável podendo as suas raízes crescer para fora dos limites do parque. Fotos de 2011.
Numa rua estreita do centro histórico de Dubrovnik, na Croácia, cresce uma Ficus elastica aparentemente sem espaço para um desenvolvimento normal. Nesta foto de 2006, nem os limites da rua, nem os problemas que as suas raízes hipoteticamente levantariam junto das casas parecem preocupar os habitantes desta rua que preferem usufruir da beleza da planta aos preconceitos associados a esta espécie. Regressei àquela cidade em 2010 e a árvore mantém-se, facto que me deixou muito feliz.
Em 2010 fotografei este belo exemplar plantado pelas funcionárias da antiga escola secundária que durante anos funcionou na Cidade Universitária em Lisboa. Uma história típica do aparecimento de uma planta destas num local público. As instalações foram entretanto demolidas, porém o exemplar sobreviveu. Em baixo, na margem sul, perto do Laranjeiro, este bonito exemplar cresce num passeio de uma urbanização, plantado pela mão de populares. Foto de 2007.
Pasme-se com as imagens que se seguem; por detrás da Av. de Roma, em Lisboa, entre a Rua José Pinheiro de Melo e a Rua Dr Gama Barros, situa-se a Vila Afifense. Neste conjunto de habitações degradadas descobre-se o que a imagem demonstra:
A Eriobotrya japonica (China) e a Ficus elastica são espécies frequentemente presentes em locais cujas habitações são ocupadas por pessoas desfavorecidas. A facilidade de germinação da primeira espécie e de enraizamento por estaquia da segunda, associadas à rapidez do seu crescimento faziam destas, duas espécies eleitas. Actualmente a Persea americana (México central) e a Annona cherimola (Equador, Bolívia e Peru) substituíram as anteriores.
O que me espanta é o desprezo ou o esquecimento a que esta árvore está entregue no nosso país, quando se presta tão eficazmente a decorar imponentemente ruas e parques.
Em baixo, na Rua do Açúcar ao Poço do Bispo em Lisboa, repete-se a descrição...Fotos de 2010.
A mesma árvore de mais perto.
A má sorte deste exemplar é explicado pela ignorância das pessoas e pelo preconceito. 
Uma foto registada no bairro da Lapa, em Lisboa em 2007.
Em baixo, na zona do elevador do Lavra, como tudo começa até à decisão de plantar no chão em local definitivo. Foto de 2007.


Em baixo, esta foto de 2006, ilustra uma planta que adornava a entrada de uma pastelaria na Av. Barbosa du Bocage perto da Av. da República. Anos mais tarde foi cortada, possivelmente devido a queixas dos moradores.
Melhor sorte teve este exemplar que foi plantado num local público relativamente seguro, já que se trata de uma pequena zona ajardinada junto ao Museu Militar, em Santa Apolónia. Plenamente adaptado, confirma a sua grande facilidade em se estabelecer seja em áreas mais húmidas como em zonas com escassez de água. Foto de 2007.
O edifício romântico datado do século XIX era a antiga Escola de farmácia, junto à Avenida dos Estados Unidos da América, em Lisboa, hoje abandonada. A foto de 2008 mostra uma Ficus elastica de belíssimo porte plantada bem mais recentemente que o restante material vegetal circundante. É muito curioso a leitura das plantas em moda ao longo do tempo que podemos fazer neste pequeníssimo jardim.
De regresso à margem sul, onde é comum encontrarmos árvores desta espécie com bom porte, tal como mostra a imagem em baixo. Foto de 2007
Por fim, um cenário encantador criado ao acaso quando dois exemplares de Ficus elastica foram plantados no exterior, junto à saída de uma serralharia, em Linda-a-Pastora, no concelho de Oeiras. Fotografado em Maio de 2008, os campos verdes lembram as zonas costeiras húmidas do nordeste brasileiro, não fosse a ausência de palmeiras na paisagem. Neste caso, a dedicação de quem decidiu assegurar a sobrevivência destas duas árvores, foi recompensada pela beleza do conjunto. É, na verdade, um registo raro e muito feliz de como espécies exóticas podem integrar-se na paisagem portuguesa com harmonia e diferenciação.


Na Av. Vasco da Gama, no Seixal, esta moradia desabitada conserva, ainda, um jardim que resiste à escassez de água. Nele, destacam-se um belo exemplar de Howea forsteriana (Ilhas Lord Howe, na Austrália) que sobrevive em regime de sequeiro sem problema de maior.
Estamos perante um espaço ajardinado com material vegetal típico dos anos 60 e 70.
A facilidade com que as suas sementes germinam foi determinante para a popularidade desta espécie como palmeira ornamental nos jardins portugueses até às décadas de 80 do século XX. A partir desta época, e com o surgimento de grandes centros de jardinagem e viveiros de plantas de obra, outras espécies substituíram-na, em grande medida pelo seu custo elevado no mercado.
Em Setembro de 2012, quando a foto foi tirada, a palmeira apresentava frutos, o que confirma a idade adulta do exemplar. Em 2009, a casa já se encontrava abandonada e assim se comprova a capacidade desta espécie tolerar situações de extremo stress hídrico. Em baixo, a foto de 2010 ilustra um outro exemplar de Howea forsteriana que vive nas mesmas condições de autonomia. Encontra-se na Av. Júlio Dinis, no bairro conhecido por Av. Novas, junto à Av. da República, em Lisboa.
A mesma situação de sequeiro repete-se com este extraordinário conjunto de Dracaena fragrans (África tropical desde a Gâmbia até Moçambique e trópicos de altitude desde a Etiópia até ao Quénia, Tanzânia e Zimbabué). Raramente encontro exemplares tão desenvolvidos e, sobretudo, totalmente autónomos.
Certamente, fora ali plantada depois de ter sido adquirida como planta de interior. Uma vez atingido proporções difíceis de manter dentro de casa, foi transplantada para o jardim onde se desenvolveu plenamente. Aliás, esta, como a maioria das plantas vendidas como de interior, responde melhor no exterior. Apenas muito recentemente, esta espécie começa a ser incluída nos projectos de jardins exteriores.

No início da Av. Mud Juvenil, os baldios surpreenderam-me com a existência de pequenas palmeiras subespontâneas. A rápida germinação das Phoenix canariesis é uma esperança contra a dramática destruição de exemplares adultos, causada pelo terrível escaravelho vermelho, tantas vezes representativos da paisagem portuguesa. Outro motivo de alarme é a degradação da paisagem causada pela acumulação de lixo no chão. Dejectos variados, lixo doméstico, entulho e mobiliário, sublinham a total falta de respeito, civismo nulo e desinteresse das populações pelas regras básicas do convívio em comunidade.
Ainda na mesma Av. Mud Juvenil, no Seixal onde as velhas Phoenix canariensis testemunham a época recuada da estação de caminhos-de-ferro do Seixal, entretanto desactivada.
As Araucaria heterophylla apesar de serem oriundas de ilhas tão distantes no Pacífico, são tão comuns nas estações de caminhos-de-ferro do início do século XX, que quase as tomamos como portuguesas. Todavia provêm das Ilhas Norfolk ao largo da Austrália. 
Em baixo, repare como existem tantas variedades ou híbridos naturais de Phoenix canariensis. Note como as folhas estão dispostas diferentemente, em alguns indivíduos horizontalmente e noutros verticalmente. No entanto, são todas identificadas como Phoenix canariensis, apesar de no passado ter sido defendida a teoria que se tratavam de variedades distintas. Um dos botânicos que propôs uma variedade, não aceite, era português.
Um caminho aberto até um pontão leva-nos a entrar num braço do Tejo e a observar a cidade do lado do mar. A potencialidade desta pequena cidade ribeirinha é tão forte quanto toda a linha do Estoril. O recorte do rio nesta zona é lindíssima, contudo, não há sinais de vontade de aproveitar o que a geografia oferece. Toda esta região poderia oferecer aos seus habitantes um estilo de vida único, virado para o rio e com carcaterísticas muito próprias, sem contar com a indústria turística que sustentaria a economia das populações. Tudo o que vi confirma que não temos porque simplesmente não queremos. E não quero deixar de manifestar tristeza e vergonha pelo que a foto seguinte revela...
O Tejo não valorizado. Lisboa espraiada por cenário. E o areal desta praia fluvial para o qual não encontro comentários...


Nesta outra perspectiva conseguimos perceber como no exemplar da esquerda as folhas crescem na vertical e no exemplar da direita crescem na horizontal.
A proximidade das palmeiras adultas situadas na antiga estação, resultou neste incrível cenário: Inúmeras Phoenix canariensis germinaram nos espaços abertos para a colocação de árvores, de forma subespontânea e em certos casos, substituíram as próprias árvores originais.
A praga do escaravelho vermelho Rhynchophorus ferrugineus tem tido consequências tremendas na península de Setúbal. Os danos e as perdas de palmeiras adultas são devastadoras, com inúmeras palmeiras mortas e desprotegidas. A situação parece, pelo menos na área administrada pela Câmara Municipal do Seixal, mais controlada e é com enorme satisfação que vi muitos exemplares recuperados. Um louvor no meio de tanto desastre, sobretudo no concelho de Almada.
A foto não foi bem conseguida, no entanto, a palmeira ligeiramente escondida pelo ramo da árvore posterior, foi sujeita a tratamento contra o escaravelho vermelho, com resultados muito positivos.
Todas as fotos que ilustram a Phoenix canariensis datam de Setembro de 2012.


O cenário é espantoso mas enganador. A fotografia regista apenas um detalhe do que a baía do Seixal poderia ser. Protegida dos ventos carregados de sal que fustiga a Costa da Caparica, estas belas Washingtonia robusta (México) desenvolvem-se muito bem neste local à beira do rio, sem mostrar queimaduras provocadas pela salinidade.
O arranjo do espaço também está bem conseguido mas é um espaço curto que poderia contornar todo o percurso que nos leva desde a entrada do limite da cidade, na Arrentela até ao cais fluvial que recebe os barcos vindos de Lisboa.
O desenho sóbrio do passeio marginal é muito interessante e o alinhamento das palmeiras tem um efeito dramático no horizonte.
As palmeiras ajudam a criar um ambiente estival, alegram a paisagem e diluem o panorama longínquo sobre as construções bastante feias da cidade da Amora.
Um excelente exemplo de como se pode aproximar as populações ao rio, convidando-as a disfrutar do espaço verde circundante.
Esta é a maior valência destas cidades ribeirinhas do Tejo. Já que foram tão martirizadas com a construção irresponsável e desordenada ainda podem tirar partido das frentes fluviais e plantar exemplares que estimulem o carácter meridional e mediterrânico destas paisagens.
Seguem-se alguns registos da cidade do seixal e a sua ligação com o Tejo.


Uma pequeníssima praia urbana e fluvial. Achei esta facilidade para as populações da cidade uma curiosidade.












O centro histórico é muito reduzido mas bem preservado e com alma. Lembra um dos bairros populares de Lisboa e cheira a pescadores. É agradável conhecê-lo, embora saibamos que temos em nosso redor horrores urbanísticos que engolem esta malha histórica.
Sente-se que este lugar teve potencial e perdeu-se no tempo a vontade de fazer melhor.
Sugiro a leitura de um fórum sobre arquitectura onde poderão ver imagens de excelente qualidade sobre esta cidade e as demais do concelho.
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=620008

Um resíduo de uma quinta desaparecida e engolida pela urbanização. Por detrás do belíssimo conjunto de Phoenix canariensis o emaranhado de prédios inestéticos da Amora. Este cenário de agrupamentos de palmeiras desta espécie é muito comum por todo o país e são, de uma forma geral, o último testemunho erguido de um passado destruído e esquecido.

Em baixo um exemplar recuperado depois de ter sido atacado pelo escaravelho vermelho. A planta com bastante idade, um alvo preferencial deste insecto, regenera-se com folhas saudáveis a surgir depois de uma interrupção no seu crescimento. É muito evidente a deformação que esta praga causa às palmeiras que sobrevivem depois de terem sido tratadas.

A foto de cima retracta a Phoenix canariensis comentada anteriormente e que se encontra na Amora.
Em baixo, um apontamento de imagens sobre uma mata em recuperação na zona ribeirinha da Amora. Podemos observar umas das raras margens preservadas do rio Tejo, em que a natureza foi salvaguardada das construções. Imagine-se as praias fluviais do tejo a partir desta foto e de como seria magnífico e enriquecedor para todas as populações residentes nestas cidades suburbanas da grande Lisboa, terem conservado esta paisagem. Para além de uma inegável melhoria da qualidade de vida, as cidades localizadas ao longo do estuário do Tejo destacar-se-iam pela singularidade da sua geografia e particularidades naturais; o rio e as matas de Pinus pinea. O que resta neste recorte do rio que podemos visitar na Amora, está inferiorizado, sujo e desaproveitado. A economia das pequenas cidades também pode assentar no aproveitamento dos recursos naturais e características geográficas de elevado interesse a ponto de aumentar o nível de vida dos seus residentes e atrair mais população e visitantes os quais investirão, certamente, na economia local.
A cidade de Lisboa aproxima-se. Na avenida 23 de Julho, no Laranjeiro, perto de Almada, deparei-me com uma situação muito curiosa que reproduz o desejo de moradores em embelezar a zona envolvente dos prédios onde residem. Por essa razão muitas pessoas, timidamente, levam a cabo tentativas de plantar plantas nos passeios públicos. Neste caso foram duas Phoenix canariensis que cresceram vigorosamente e notoriamente demasiado perto do edifício para que tenham sido planeadas e plantadas pelos serviços municipais. No nosso país ainda se insiste no drama de plantar árvores ou outras plantas de porte arbóreo junto às construções, com receio de danificá-las e justificações que, curiosamente, noutros países não são importantes.
Repare no alinhamento das árvores da responsabilidade da CMA e as duas Phoenix canariensis que crescem perto da entrada do estabelecimento comercial. Na minha opinião, agrada-me ver esta situação e, sobretudo, apraz-me sentir que as populações têm um papel interventivo na criação de arvoredo no ambiente urbano. É um início profundamente tímido e raro. De uma maneira geral, há uma pressão enorme por parte das câmaras municipais em defender os passeios como espaço público e frequentemente impedem a plantação de arvoredo. Uma medida tão estranha quanto subdesenvolvida, quando vivemos cada vez mais pela defesa do ambiente, da natureza e pela filosofia da participação e intervenção das pessoas nos locais onde residem. Nas sociedades da Europa do norte e na América do norte (EUA e Canadá), as populações intervêm nos espaços públicos, cuidando, criando, cultivando e plantando em taludes, canteiros, passeios, redondéis de árvores ou em qualquer espaço possível, plantas que recriem um ambiente mais natural e agradável. As autoridades respeitam e não penalizam os seus autores, uma vez que estas actividades têm um carácter pedagógico, cívico e instrui os habitantes a preservar o património natural das respectivas sociedades. Esse papel é absolutamente fundamental para que as gerações entendam que todos temos responsabilidade na preservação da natureza urbana.
A foto em cima data de 2012.

As duas Phoenix canariensis que aqui mostro, são avistadas desde a portagem da ponte 25 de Abril. Ícones na entrada de Lisboa e apesar da perspectiva não fazem parte do recinto da popularmente conhecida por Capela do Pragal, a Ermida de Nossa Senhora Mãe de Deus e dos Homens. Em baixo, a foto da igreja, vista desde o Cristo-Rei. (Foto não do autor)
A imagem de cima data de 2012 e imagem de baixo data de 2007. Um terceiro exemplar de Phoenix canariensis desapareceu bastante tempo antes da praga do escaravelho vermelho ter-se instalado entre nós. As duas fotos confirmam como o crescimento das palmeiras diminui com o avanço da sua idade. É também interessante referir as diferenças na forma das folhas de ambos exemplares. O indivíduo da direita é um cultivar, cujas folhas crescem na vertical enquanto o da esquerda forma-se na horizontal. Esta particularidade é muito comum entre a espécie e a maioria dos exemplares mostra hibridismo, podendo apresentar na idade adulta altura, dimensão e tamanho do estipe muito variados.
Situadas na Rua D. João de Castro na freguesia do Pragal, em Almada, estas imponentes palmeiras estão dentro do jardim de uma casa apalaçada, infelizmente abandonada, cuja entrada faz adivinhar um lugar muito interessante. Foto de 2007.


Em baixo, uma das inúmeras palmeiras que resistiram até aos dias de hoje, pertenciam a uma quinta entretanto urbanizada. Consegue-se perceber como faziam parte dos jardins daquela propriedade uma vez que mais adiante se encontra um grupo junto a um lago. Este indivíduo, ainda a salvo do temível escaravelho vermelho, o Rhynchophorus ferrugineus, que ataca severamente na península de Setúbal. A foto data de 2007, registo na Rua Humberto Delgado, esquina com a Rua do Povo, entre o lugar de Casal de Santo António e o sítio dos Porfírios, junto à estrada nacional 10-1 que liga a Corroios. Na base do espique da palmeira, vulgarmente designado por tronco, uma Furcraea parmentieri (México) que ali se desenvolveu ocasionalmente. Esta, por outro lado, é muito confundida com um outro género igualmente popular entre nós, as Agave sp.
Pouco conhecida como sendo uma espécie dióica, ou seja, os dois sexos encontram-se separados e por tal existem indivíduos masculinos e femininos, vulgarizou-se por ser muito resistente a todas as condições climatéricas do território português. A capacidade de germinação desta espécie tornou-a muito popular e próximo a um indivíduo feminino, é comum encontrarmos centenas de sementes germinadas que competem entre si.

Em cima, pequenos Phoenix canariensis, foram plantados directamente na areia da praia 14 da Costa de Caparica, debaixo de forte influência dos ventos e salinidade do Atlântico. O efeito do arranjo paisagístico é muito bem conseguido, com recurso a espécies muito simples porém de grande impacto visual como a Yucca gloriosa (Sudeste dos Estados Unidos). Esta espécie é nativa das barreiras dunares da costa daquele país e a representação aui fotografada em 2009 testemunha como a planta se desenvolve no seu habitat natural.
As praias atlânticas da costa portuguesa são ideais para recepcionar este tipo de paisagem exótica, criando ambientes muito acolhedores e atraentes do ponto de vista botânico.

A interessantíssima foto que se segue, captada em 2009, apresenta um híbrido natural de Phoenix canariensis. Por vezes deparamo-nos com estes fenómenos, muito curiosos e comuns nesta espécie de palmeiras. Neste caso trata-se de um exemplar com um estipe bastante fino, ao contrário da espécie original, com folhas semelhantes à P. canarinsis. Creio que poderá ter sido resultado do cruzamento entre esta espécie e uma Phoenix roebelenii (China - Yunnan, Laos, Birmânia ou Mianmar, Tailândia e Vietname) ou possivelmente uma Phoenix reclinata. A palmeira encontra-se neste jardim particular situado na Rua 25 de Abril, esquina com a Travessa Pinheiro Chagas, entre a Quinta da Primavera e o Foro da Mafalda, à Charneca de Caparica.
Compare-se outro exemplo de um híbrido de Phoenix canariensis já bastante adulto e cujo o espique é ainda mais esguio que o exemplar anterior. A origem das variações naturais são muito difíceis de apurar e as hipóteses de comprovar são raras.
Fotografia tirada no Jardim Constantino, em Lisboa, em 2010. O seu nome é uma homenagem a Constantino José Marques de Sampaio e Melo, (1802-1873) um dos maiores floristas de Portugal, conhecido por Rei dos Floristas, considerado um dos mais notáveis produtores de flores artificiais no século XIX. Nas regiões onde coexistem muitos exemplares de Phoenix canariesnsis é comum descobrirmos variações nesta espécie, as quais tenderíamos a identificar como uma sub-espécie ou até mesmo, uma outra espécie. De facto, em meados do século passado, todas as variedades de P. canariensis foram reunidas nessa única espécie sem distinção.


Em cima, entre o Carrascalinho e Marco Cabaço, na Rua Miguel Bombarda, encontrei este belo Phoenix reclinata, (África tropical desde o Senegal até à África do Sul, Madagáscar, Comores e sudoeste da península arábica, que incluem territórios da Arábia Saudita e Iémen) espécie que se desenvolve graciosamente em todo o território litoral continental português. Os exemplares adultos e bem formados são quase inexistentes na margem sul do Tejo, não obstante as condições ideais para o seu cultivo. É notória a recente introdução desta espécie no elenco de plantas escolhidas para jardins particulares e públicos da zona. Foto de 2007. Em baixo, um belo conjunto de Phoenix roebelenii, que com a delicadeza das suas folhas contribuem para um apontamento bastante exótico e tropical a um jardim. A grande vantagem reside na boa capacidade desta espécie, aparentemente frágil, em suportar as condições do Inverno nas regiões costeiras de Portugal. Foto de 2007



As fotos que se seguem são extraordinárias já que confirmam como é possível cultivar exóticas em Portugal e em particular nesta região da área metropolitana de Lisboa. Os magníficos exemplos de Carica papaya (América Central e sul do México) que podemos ver nas fotos têm uma particularidade em comum. Não estão tão protegidos contra os ventos como seria de esperar para plantas que atingiram as dimensões aqui vistas.
Repare nos grandes frutos que esta planta produziu. Indica a maturidade e a perfeita adaptação ao clima da margem sul do Tejo ao longo dos anos.
O jardim desta casa onde fotografei este belíssimo exemplar encontra-se bem no interior da península de Setúbal. As geadas fazem-se sentir com maior frequência e intensidade que à beira-mar já que uma distância de 5 km para o interior pode fazer uma enorme diferença nos registos de temperatura mínima. A foto data do mês de Janeiro de 2007 e a planta não parece sofrer com o frio intenso sentido no Inverno.
Em baixo, um outro jardim particular onde, provavelmente, esta planta nasceu a partir de sementes de um fruto comprado no mercado e consumido pelos proprietários. Esta experiência é muito vulgar com frutos e juntamente com Anona cherimola (Andes e América Central), Persea americana (México) e Eriobotrya japonia (sudeste da China) compõem a lista das árvores de fruto mais cultivadas a partir de semente.
Estas duas fotos foram registadas na Estrada Algazarra, no bairro da Quinta do Chiado, junto a Corroios em 2007. Em 2009 este exemplar desapareceu.

O terceiro exemplo de Carica papaya é absolutamente notável pela dimensão. Com vários anos, o indivíduo cultivado junto à fachada da moradia goza do calor diurno sentido por reflexão da parede e, sobretudo, pela irradiação desse calor durante a noite acabando por ter um efeito muito benéfico no desenvolvimento da planta.
Conheço apenas um grupo de plantas da mesma espécie em Belém, Lisboa e no Alvor que ultrapassam a altura deste interessantíssimo exemplo.



Na Vila Nova de Caparica, um espantoso exemplo de como uma planta conhecida como de interior passou a árvore ornamental de exterior. O Ficus benjamina é o exemplo maior de plantas decorativas comercializadas como de apartamento que acabaram por provar que se desenvolvem melhor no exterior. Este processo foi descoberto pelos jardineiros amadores que se aperceberam como esta espécie em particular crescia vigorosa ao ar livre. Este exemplar é, sem dúvida, dos maiores existentes na margem sul do Tejo. A mesma situação sucedeu com o Ficus elastica que, como confirma a foto em baixo, pode tornar-se uma árvore de porte monstruoso. São casos frequentes e que merecem ser devidamente valorizados como património vegetal raro na Europa.
Estas árvores são plantadas pelos seus proprietários sem que se apercebam das dimensões notáveis que poderão vir a ter. Muito utilizadas como plantas de entrada e de escada de prédios de habitação, conquistou timidamente um lugar no jardim, muitas vezes por desinteresse, desprezo ou abandono de exemplares envasados que foram plantados no exterior. Desta forma ganharam presença na paisagem de jardins particulares. Esta situação vem sublinhar como a espécie está esquecida, apesar de toda a sua potencialidade como árvore de espaço verde público.


Em baixo, Cereus peruvianus, (Brasil, Uruguai e Argentina) tem vindo a espalhar-se por toda a costa portuguesa, de mão em mão, já que muito raramente se encontra à venda exemplares. Foto de 2007.


Chasmanthe aethiopica (província do Cabo, África do Sul)



Fotografado na Rua António Andrade, esquina com a Rua de São Pedro, entre Vale Cavala e a Quintinha de Fora, na Charneca de Caparica, em 2007, este exemplar de Cordyline fruticosa, (Papuásia até às ilhas do Pacífico, como Salomão, Kermadec, Fiji e Vanuatu) foi plantado directamente no solo. Um procedimento muito pouco comum quando se tratam de espécies ornamentais tidas como de interior, ainda que experimentadas no exterior. De um modo geral, quando colocadas ao ar livre, opta-se pelo cultivo em vaso de maneira a que seja mais fácil o seu manuseio, no caso de a planta reagir negativamente. A decisão de colocar este exemplar no solo é ainda muito pouco encarada como normal entre os jardineiros amadores do nosso país. Esta espécie é uma das mais sensíveis à inclemência do Inverno da margem sul do Tejo, porém não suficiente para impedir que faça parte da lista de ornamentais exóticas possíveis de compor um jardim tropical naquela zona de Portugal.
No mesmo jardim, uma fileira de cultivares de Cymbidium sp, criados a partir do Cymbidium insigne (do norte da Tailândia até à província de Hainan, na China)

Dracaena marginata (Madagáscar) e um belo grupo de Cordyline stricta cv. 'Glauca' (Austrália). Foto de 2007.
Em baixo, Dracaena marginata.

O mais magnífico pé de Dracaena marginata possivelmente de todo o país, cujo porte é digno de colecção de um qualquer jardim botânico de Portugal. A verdade é que nenhum possui um exemplar tão exuberante como este e, certamente, o seu proprietário desconhece o extraordinário exemplo que tem no seu jardim. É com estes apontamentos que tenho noção de como as colecções dos nossos jardins botânicos poderiam ser valiosíssimas e ainda mais valorizadas, se contemplassem as centenas de espécies exóticas que o clima nacional permite cultivar. São os populares que, ingenuamente, contribuem para o estudo da aclimatação de espécies no nosso país. Esse objectivo foi durante todo o século XVIII e XIX uma prioridade mas desde o século XX que raras são as plantas novas introduzidas nas ditas colecções. Uma vez mais a economia nacional poderia ficar a ganhar se houvesse vontade de investir e rentabilizar esses espaços atraindo não apenas o público interessado, conhecedor mas também o público em geral.

Howea forsteriana, (Ilha de Lord Howea, Austrália) A foto data de 2007, registo na Rua Humberto Delgado, esquina com a Rua do Povo, entre o lugar de Casal de Santo António e o sítio dos Porfírios, junto à estrada nacional 10-1 que liga a Corroios. Em baixo, um velho exemplar, com pelo menos 40 anos de idade na Estrada da Bela Vista, Vale Fetal, junto à Charneca de Caparica.

Hylocereus undatus (a sua origem exacta nunca foi determinada mas crê-se que deverá ser oriunda das Índias ocidentais e Caraíbas, sul do México, Belize, Guatemala, El Salvador e Costa Rica).
Subejamente conhecida, esta planta gorda, e não cacto como popularmente é designada, pelos portugueses que gostam de jardinagem, nela centra diversas curiosidades. É uma planta que não é comercializada. A população troca mudas entre si e assim se dissemina nos jardins populares. Por essa razão, não a encontramos em espaços que tenham tido uma assinatura de um designer ou tenham sido fruto de um projecto. Assim se compreende que faça parte da colecção de plantas que os populares vão juntando nos respectivos jardins.
Uma outra curiosidade é que estamos perante uma espécie produtiva, ou seja, cultivada para fins alimentares e não ornamentais. Nas regiões tropicais do planeta, existem plantações cujo o aspecto insólito é descrito na foto em baixo;
(Foto não do autor)
Em Portugal leva o nome vernáculo de Rainha-da-noite e no Brasil, chama-se Pitaia vermelha, já que  também é produzida naquele país sul-americano pelo seu fruto comestível. Este, seguramente, já é conhecido por alguns portugueses que repararam no estranho fruto de aspecto pré-histórico e dotado de cores vanguardistas, nas bancadas de frutos exóticos e tropicais dos melhores hipermercados do país. Veja em baixo (foto não do autor).

Propiedades Pitahaya





Espectacular conjunto de exóticas de grande porte. Este episódio, raro em jardins particulares, teria um impacto soberbo se devidamente cultivado num jardim botânico ou público. Todavia, sendo particular, é louvável o apreço que os seus proprietários demonstram em ter permitido que as plantas ganhassem tal tamanho, uma vez que é incomum, entre os portugueses, deixar chegar a estas dimensões. O resultado é brilhante e somente tenho como paralelo, os jardins opulentos de casas particulares nas cidades do estado da Flórida, sobretudo em Miami.
Ao centro um espantoso exemplar de Philodendron bipinnatifidum (sudeste do Brasil ao nordeste da Argentina). Não conheço outro com proporções tão relevantes e impressionantes. O seu porte é absolutamente espantoso e justifica uma deslocação para admirá-lo de perto. Até os exemplares que tive a oportunidade de ver no Brasil, não ultrapassavam a volumetria deste.


Em cima, a curiosa imagem que faz fronteira entre uma paisagem tropical e a realidade. A Musa basjoo (sul da China) e os tufos de Saccharum officinarum (Nova Guiné e Melanésia) conferem essa impressão, não fora a linha arquitectónica tão característica do nosso país quebrar a imaginação. Actualmente tornou-se muito vulgar o cultivo esparso de Cana-de-açúcar com o objectivo de formar sebes de contorno em terrenos baldios em áreas urbanas ou semi-urbanas recuperadas para a pequena agricultura de subsistência.
Neste canteiro, uma admirável Plumeria sp. (desde o México até ao norte da América do Sul, Caraíbas e Flórida) de porte bem desenvolvido começa a mostrar claramente a característica formação dos ramos em haste. A foto foi registada durante o mês de Janeiro, pelo que as folhas caducas deixaram a planta praticamente despida. Ainda pouco divulgada nos viveiros, o seu cultivo resulta da propagação manual por troca de mudas. O nosso clima permite o desenvolvimento desta espécie com considerável sucesso, em locais soalheiros, protegidos do vento desde a Costa do Estoril até a todo o litoral algarvio, privilégio que não está totalmente explorado pelos amantes da jardinagem tropical.

Em cima uma Schefflera actinophylla (Nova Guiné e Austrália) de folhas possantes e vistosas, tem demonstrado uma boa resistência ao frio. Por vezes é afectada com queimaduras provocadas durante a estação do Inverno mas cedo recupera. A Schefflera elegantissima (Nova Caledónia) por outro lado, é bastante menos conhecida até porque quando jovem, a planta apresenta um tipo de folhas diferente das adultas. Este disformismo confunde o horticultor ou jardineiro que crê tratar-se de uma planta de pequena dimensão no momento da sua aquisição. A fragilidade das suas folhas não leva a prever que se transforme numa planta de grande vigor e com forma tão distinta do seu estádio juvenil.
Mais frágil e sensível às baixas temperaturas, necessita de bastante sol para atravessar o Inverno, sobretudo os mais rigorosos. Atinge uma dimensão menor e menos arbórea que a espécie anterior. As suas folhas tendem a erguer-se enquanto na espécie anterior pendem.



Em baixo uma soberba Strelitzia alba (província do Cabo, África do Sul) bastante frequente nos jardins do litoral português. Tornou-se conhecida como bananeira até que por fim, o público ficou a saber que se trata de uma espécie de Estrelícia. A partir desse momento o interesse por esta planta aumentou e passou a ser cultivada por todos aqueles que demonstram particular interesse em plantas que promovem uma paisagem tropical. A grande qualidade desta espécie é a sua extraordinária robustez e resistência ao frio, à seca, aos ventos fortes e ao ar marinho. Note-se o conjunto deste exemplar vigoroso bem integrado com uma Phoenix canariensis (Ilhas das Canárias) e uma Ficus elastica (da Índia até à Malásia). Todas estas espécies são bem populares entre as escolhas dos jardineiros portugueses. Quando atingem a idade adulta, tornam-se preponderantes na criação de um ambiente tropical.

Em baixo, a carismática Syagrus romanzoffiana (sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e nordeste da Argentina). Em cada lugar onde esta espécie se encontra, a associação às paisagens tropicais é imediata. Resistente, imponente, majestosa e profundamente elegante. Acresce a vantagem de comprovar o seu rápido desenvolvimento, o que a torna muito requisitada para os projectos paisagísticos. A partir dos anos 90 do século passado encontrámo-la elencada nos catálogos dos viveiristas nacionais e desde então passou de uma espécie de colecção botânica a espécie de uso paisagístico público e em espaços privados.
Estas fotos registadas na margem sul, entre Vale de Milhaços e Corroios, apresentam uma moradia que possui uma belíssima colecção de Arecáceas de grande efeito paisagístico. Naturalmente, entre as diversas espécies encontram-se exemplares de S. romanzoffiana cuja forma esbelta do seu estipe e folhagem despenteada tornam este espaço um grande apontamento no capítulo da horticultura tropical. A Syagrus romanzoffiana surge como uma das espécies de palmeiras mais capazes de emprestar exotismo ao jardim. Gradualmente, a sua utilização como planta de alinhamento em zonas urbanizadas tem vindo a ganhar destaque. À semelhança de Itália e de Espanha, onde esta escolha é vulgar, em Portugal, com alguma timidez, as câmaras municipais dão início a uma prática, que na minha opinião, é de muito bom gosto. Por outro lado, ganham visibilidade como substituto à Phoenix canariensis vítima da praga do Rhynchophorus ferrugineus ou escaravelho vermelho.



Em cima, um conjunto bem conseguido de duas espécies de Yucca. A Y. gloriosa (sudeste dos Estados Unidos) e a Y. gigantea (do México ao Panamá) numa fotografia de uma rotunda em Corroios. São ambas muito vulgares e sub-espontâneas em praticamente todo o litoral continental bem como em algumas regiões do interior sul de Portugal assim como a Agave americana  (sul dos Estados Unidos e México). Fotografia dos espaços verdes exteriores circundantes ao Almada Fórum. Quando o exercício de combinação e agrupamento cuidado destas espécies tão populares quanto vulgares entre nós são bem pensadas, o resultado traduz-se num espaço onde a singularidade, o exotismo e a simplicidade estão reunidos.
No entanto, por vezes, o design de um espaço verde subestima as características de cultivo e desenvolvimento das plantas utilizadas e, como consequência, acaba por criar um efeito pouco viável do ponto de vista prático. Este é um exemplo que penso que não carece de mais explicações.





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